quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Esqueça

       "Esquece. Não vou atrás de ninguém. Não mais. Ontem eu quis desesperadamente a sua companhia lá naquele banco da praça, quis ficar ali com você a noite toda se pudesse. E quando fui embora pensei em te ligar, dizer pra voltar amanhã, vir me fazer sorrir. Mas não. Hoje eu acordei e pensei que seria melhor não, eu não quero me apegar em ninguém, não quero precisar de ninguém. Quero seguir livre, entende? Mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho. Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez enquando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim!"

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

Não é amor

“Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes, ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé para casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão, que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR”.

Martha Medeiros

sábado, 12 de novembro de 2011

Back Home


       Ai, que saudades de casa. Saudades da minha mãe, do meu, pai, do meu irmão, da minha vó, da minha família. Dos meus amigos, embora a maioria não esteja mais morando aqui. Saudade dos tempos passados que me trazem à tona a velha nostalgia de pensar como seria se eu tivesse ficado aqui. Tudo que eu ganhei e perdi saindo de casa. Tudo que eu podia ter feito se eu ficasse, ou perdido se eu não partisse. Trocaria todos os dias de sol pela chuva e frio? Trocaria o amor da família, por sorrisos e abraços desconhecidos? Bem, isso não resume-se apenas em trocas, foram escolhas, escolhas que certamente me encaminharam, que mudaram o meu modo de pensar a respeito de tudo, a respeito do mundo. Escolhas necessárias que até agora valeram muito a pena!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11/11/11

        Antes que o dia acabe eu quero ficar com você, antes que o dia acabe eu quero ter você  pra sempre, antes que o dia acabe eu quero escutar a sua voz, antes que o dia acabe eu quero rir com você, antes que o dia acabe eu quero que você me diga que sou a única na sua vida, antes que o dia acabe quero ter você só pra mim, antes que o dia acabe quero me lembrar de você, antes que o dia acabe quero sentir seu perfume inebriante, antes que o dia acabe quero ver o por-do-sol ao seu lado, antes que o dia acabe eu quero escutar a nossa música, antes que o dia acabe eu quero você aqui comigo, antes que o dia acabe...

domingo, 6 de novembro de 2011

Anna Bastos


    Ela era assim mesmo, dessas garotas bem tortas. E gostava de ser assim, diferente. Ela provocava risos, e tinha a ironia na ponta da língua. Sabia usar o sarcasmo como ninguém. Ela não era de sorrisos fáceis, mas sempre que sorria, fazia-o com os lábios, e também com os olhos. Ela conservava seus amigos, que não eram muitos, mas sim, eram os melhores. Como eu disse, ela era torta, errada, mas era ela sem artifícios, sem muitos enfeites, porque ela fazia questão de dizer “eu quero que as pessoas gostem de mim pelo que eu sou”. Ela era certa, e errada. Cheia de imperfeições incorrigíveis. E o melhor de tudo é que ela ainda gosta de ser assim, torta.”

Anna Bastos

Contos em desencontros VI


Reencontro

    Semana de provas, completamente cansada, esgotada. Noite passada dormira como uma pedra. O despertador tocara e eu precisava acordar para a vida real. E eu não poderia dormir pelo resto da minha vida, mesmo que eu quisesse. Talvez algo no dia me devolveria um motivo para encarar a realidade.
    Sexta-feira era o dia de sair, beber e esquecer esses problemas, na verdade esquecer era uma conseqüência da bebida. Eu estava na frente do bar, comprando minhas fichas para a noite, quando me deparo com um rosto tanto que familiar. Ele estava de camiseta de uma banda desconhecida, e pertencia a um grupo completamente diferente ao meu. Prontamente segui-o ate avistá-lo. Parei e fingi que estava conversado com minha amiga. Quando me virei, ele estava atrás de mim e acidentalmente esbarrei nele, de uma maneira sutil que nem deveria ter percebido. Desculpei-me, ele disse que estava tudo bem, mas quis garantir que eu não tinha sofrido nenhum dano,  perguntou se não nos conhecíamos. Gaguejando respondi. Meus sentidos estavam ainda um pouco atormentados devido ao álcool presente na bebida. Comecei a rir, nervosamente. Conversamos por um bom tempo, e nesse breve período descobrimos varias coincidências. Tínhamos gostos musicais parecidos, ele fazia faculdade e eu também, porem cursos opostos. O álcool já estava me consumindo, sentia-me um pouco zonza, até que ele chegou perto demais, e eu não resiti. Sim, beijei-o, caro leitor, posso resumir em apenas uma palavra: intenso. Eu não consegui controlar meus lábios, eles tremiam. Já se passava das 4 da manha, e eu ainda continuava lá. Precisava ir. Infelizmente. Queria ficar pra sempre com ele. Não queria dormir. Dentro do carro de volta, lembrei do seu sorriso, do jeito que mexia nervosamente com o cabelo, da sua camiseta, mas não lembrara do seu nome, talvez tivesse esquecido de perguntar.

Historia não baseada em fatos verídicos!

Roubar um coração

Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,
que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele,vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.

Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.

Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.

Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... e é assim que se rouba um coração, fácil não?

Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

 Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dias difíceis

   
     “Me mande mentalmente coisas boas. Estou tendo uns dias difíceis, mas nada, nada de grave. Dias escuros sem sorrisos, sem risadas de verdade. Dias tristes, vontade de fazer nada, só dormir. Dormir porque o mundo dos sonhos é melhor, porque meus desejos valem de algo, dormir porque não há tormentos enquanto sonho, e eu posso tornar tudo realidade. Quando acordo, vejo que meus sonhos não passam disso, sonhos; e é assim que cada dia começa: desejando que não tivesse começado, desejando viver no mundo dos sonhos, ou transformar meu mundo real num lugar que eu possa viver, não sobreviver.”

Caio Fernando Abreu